Finalmente, a Microsoft apresentou ao mundo sua máquina para entrar na corrida da oitava geração de consoles. O Xbox One vem para competir diretamente com o PlayStation 4 e com o Wii U. Até o momento não sabemos como ele se sai na prática, mas, com base nos dados divulgados, podemos ter ideia do potencial do aparelho.
Resolvemos coletar dados mais específicos para sabermos como esses aparelhos se saem na briga pelo posto de video game mais robusto. Agora, você confere quais as vantagens e desvantagens de cada um — e o que isto implica na hora de rodar os jogos. Chega de papo e vamos para as batalhas.
PS4 e Xbox One: quase o mesmo cérebro
Durante muitos meses, você pôde conferir, no Baixaki Jogos e no Tecmundo, uma enxurrada de rumores sobre os novos video games da Microsoft e da Sony. Diversos boatos apontavam que as duas companhias apostariam nas tecnologias da AMD para os processadores de seus consoles de oitava geração.
APUs da AMD serão usadas no PS4 e no Xbox One (Fonte da imagem: Reprodução/Tested)
Agora, que já conhecemos as verdadeiras especificações, temos a certeza de que as duas gigantes dos video games apostaram na mesma fabricante. Parte da estruturação dos componentes foi desenhada pela Microsoft (no caso do Xbox One) e pela Sony (para seu respectivo console), contudo, os núcleos e demais elementos no interior dos chips foram preparados pela AMD.
Com o recente anúncio do Xbox One, podemos saber que os dois consoles vão trazer cérebros quase idênticos. A unidade central de processamento dos dois aparelhos é baseada na arquitetura AMD Jaguar. Os processadores vão contar com oito núcleos, os quais devem operar com frequência de 1,6 GHz — e cogitam-se clocks de até 2 GHz.
A quantidade de memória cache é a mesma nos dois dispositivos, o que significa igualdade para o armazenamento temporário de informações auxiliares de processamento. Além disso, o processo de fabricação indica que a CPU deve alcançar resultados similares e liberar pouco calor.
Wii U aproveita outra arquitetura
O video game da Nintendo é o único aparelho da oitava geração que resolveu manter uma ligação com a boa e velha arquitetura da IBM. Trazendo um processador PowerPC 750 com três núcleos, o Wii U acaba ficando atrás na corrida pelo melhor desempenho. Além de ter menor quantidade de recursos, este chip opera em frequência mais baixa, ou seja, são milhões de instruções a menos por segundo.
Processador do Wii U (Fonte da imagem: Reprodução/AnandTech)
É importante notar ainda que o console da Nintendo conta com memória cache reduzida e uma tecnologia de construção antiga. Claro, sabemos que é uma arquitetura diferente, algo que influencia diretamente na execução dos jogos. Todavia, mesmo a melhor das arquiteturas não pode fazer milagres contra hardwares mais potentes.
Xbox One perde em poderio gráfico
Os SoCs (System on Chip) dos consoles da Microsoft e Sony são muito parecidos, mas as empresas tomaram decisões diferentes na hora de definir como seus aparelhos vão cuidar dos gráficos. Apesar de ambos trazerem a arquitetura Radeon GCN, as características internas são distintas e vão resultar em grandes diferenças de desempenho.
A frequência do chip gráfico é a mesma para os dois aparelhos, porém o PlayStation 4 conta com 1.152 Unidades de Computação (processadores de shader), enquanto o Xbox One utiliza apenas 768 núcleos. A Microsoft relatou que o console oferece oito vezes mais performance que o Xbox 360, mas, na prática, ele deve entregar cinco vezes mais poderio que o antecessor.
(Fonte da imagem: Reprodução/AMD)
Apesar do número de núcleos não significar necessariamente melhor desempenho, a quantidade de FLOPS (Operações de Pontos Flutuantes) indica claramente que a GPU do Xbox One é 33% mais fraca do que a do PlayStation 4. Em números, pode ser que os gráficos do console da Sony sejam melhores, mas é preciso levar em conta a questão da arquitetura e da tecnologia de renderização — que são bem diferentes.
Wii U não acompanha os concorrentes
Quando o assunto é processamento gráfico, o Wii U entrega visuais mais próximos do que aqueles que vemos no PS3 e no Xbox 360. A GPU do console da Nintendo opera em clock mais baixo, o que já é uma grande desvantagem. Contudo, algo que realmente afeta o desempenho é a redução dos núcleos da GPU — é menos da metade do que existe no Xbox One.
O pior problema mesmo é a quantidade de operações que o chip pode realizar. Segundo o VGChartz, o console da Nintendo alcança no máximo 352 GFLOPS, ou seja, a GPU alcança apenas um terço da capacidade da unidade gráfica do Xbox One e menos de um quinto da capacidade do PlayStation 4.
A memória pode fazer toda a diferença
A terceira característica que queremos colocar em foco é a memória. Nesse quesito, as duas companhias tomaram a decisão certa ao optarem por uma grande quantidade de espaço para dados temporários. Os módulos que totalizam 8 GB de memória RAM em cada aparelho são mais do que suficientes para dar conta de guardar dados do sistema, dos jogos e de apps que rodam em segundo plano.
Essa gigante quantidade de RAM é crucial para que os video games possam trabalhar com grandes pacotes de texturas, utilizem filtros mais avançados e mantenham funções (como o compartilhamento e captura de vídeos) do sistema sempre disponíveis.
Ainda que as duas empresas tenham acertado na quantidade, parece que a Microsoft cometeu uma gafe na hora de definir a tecnologia desses componentes. As memórias DDR3 são muito rápidas e perfeitamente competentes para a maioria das atividades (computadores utilizam essa tecnologia e são mais rápidos que o PS4 e o Xbox One).
Todavia, quando falamos em processamento de gráficos para jogos, qualquer mínima diferença é essencial. Nesse caso, a esperteza da Sony foi trabalhar em uma arquitetura capaz de aproveitar módulos de memória GDDR5 (baseados no padrão DDR3), que são compartilhados para todos os componentes.
Chips de memória GDDR5 serão usados no PlayStation 4 (Fonte da imagem: Reprodução/PCInpact)
Os módulos dos dois video games usam a mesma interface (256 bits), mas o clock elevado de 5.500 MHz no PS4, contra 2.133 MHz do Xbox One, garante a surpreendente largura de 176 GB/s — enquanto o Xbox consegue apenas 68,3 GB/s. Isso quer dizer que a GPU do PlayStation 4 é equivalente a uma Radeon HD 6970.
O truque do Xbox One
Para compensar esse probleminha de lentidão da memória, a Microsoft colocou uma memória auxiliar embutida no SoC de seu console. A memória eSRAM instalada próxima à GPU e à CPU serve para garantir agilidade na troca de informações importantes. Esse componente embutido pode ser compartilhado e aumentar a performance geral do aparelho.
Segundo os detalhes da AnadTech, o Xbox One conta com apenas 32 MB de eSRAM, o que pode parecer — e realmente é — muito pouco. Todavia, se esta memória for usada apenas como um cache, ela é mais do que suficiente para realizar sua tarefa. A largura de banda deste componente chega a 102 GB/s (51 GB/s em cada direção da comunicação interna).
Juntando a largura de banda da eSRAM (102 GB/s) com a da memória RAM (68,3 GB/s) e com a da comunicação entre GPU e CPU (30 GB/s), o cálculo fecha e bate com o número que a Microsoft apresentou: 200 GB/s de largura de banda do sistema.
Claro que não funciona dessa forma e foi uma péssima ideia passar apenas esse número para o público, mas foi uma maneira que a companhia encontrou de superar a concorrente. É como se a Microsoft tivesse dois carros: um alcança 80 km/h e outro chega a 120 km/h, e os dois juntos conseguem 200 km/h. Deu para entender a propaganda forçada?
O Wii U apanha muito
Apesar de conseguir superar bonito o PS3 e o Xbox 360 em quantidade de memória, o Wii U sofreu árduas críticas de desenvolvedores por não oferecer largura de banda suficiente para grandes quantidades de dados. Na prática, isso quer dizer que ele tem espaço para guardar muita informação, mas não se comunica de forma rápida com os demais componentes.
Com base nos números de série dos módulos Samsung de memória DDR3 do Wii U, podemos verificar que a Nintendo economizou seriamente nesse sentido. A companhia optou por componentes que trabalham com clock de 1.600 MHz, o que resulta na largura de banda máxima de 12,8 GB/s. Isso é menos de um décimo da capacidade do PlayStation 4. Vergonhoso!
Módulos de memória RAM do Wii U (Fonte da imagem: Reprodução/AnandTech)
É importante notar que a Nintendo também seguiu uma ideia usada anteriormente (das memórias eDRAM para auxiliar no processamento de dados importantes). A companhia não revelou os dados oficiais deste componente, mas não temos dúvidas de que essa pequena quantia de memória é mais lenta do que a do Xbox One.
Armazenamento indiferente
Apesar de ter apresentado seu console antes, a Sony não revelou qual será o dispositivo de armazenamento do PlayStation 4. A Microsoft, por outro lado, já detalhou que seu aparelho trará um disco rígido de 500 GB — que oferece muito mais espaço do que a memória flash de 32 GB da versão Deluxe do Wii U.
Vale notar que o armazenamento do Wii U promete maiores velocidades, mas, mesmo para os jogos mais robustos, os discos rígidos do PS4 e do Xbox One devem dar conta do recado. Ainda que não saibamos as especificações desses dispositivos, podemos notar, com base em peças de computadores, que até mesmo modelos com pouca memória buffer funcionam bem.
Que vença o mais divertido!
Depois de tantos dados apresentados, podemos dizer que o PlayStation 4 tem as melhores especificações. O hardware mais avançado pode produzir gráficos mais bonitos e executar outras funcionalidades com maior velocidade. No entanto, isso é algo válido principalmente para jogos exclusivos, que podem aproveitar esses diferenciais.
Em teoria, os games multiplaforma devem exibir visuais muito parecidos tanto no Xbox One quanto no PS4. Infelizmente, julgando por essas especificações, não podemos dizer que o Wii U terá capacidades para acompanhar os concorrentes nesse quesito. É importante lembrar que cada console tem um foco diferente, portanto os visuais não são tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário